Em agosto de 2017, estive no Museu Nacional de Arte Antiga,
localizado em Lisboa (GPS 38.704516 ; -9.162278).
Este museu foi criado em 1884, e tem a mais relevante coleção pública portuguesa, entre pintura, escultura, ourivesaria e artes decorativas, europeias, de África e do Oriente. Cerca de 40.000 obras, tem no seu acervo a maioria das obras consideradas "tesouro nacional" pelos portugueses.
Este museu foi criado em 1884, e tem a mais relevante coleção pública portuguesa, entre pintura, escultura, ourivesaria e artes decorativas, europeias, de África e do Oriente. Cerca de 40.000 obras, tem no seu acervo a maioria das obras consideradas "tesouro nacional" pelos portugueses.
Tenho que confessar que não tinha muita ideia do que encontraria lá dentro, tendo em vista
que esse museu não é muito divulgado no Brasil, nem nunca havia visto algum livro com seus acervo, com exceção feita a sua obra de
Bosch, extremamente famosa no mundo inteiro: As Tentações de Santo Antão (c.
1500). Só por esta obra já vale pagar os seis euros da entrada (se quiser ver a foto aumentada, é só clicar nela).
As Tentações de Santo Antão - Bosch
As tentações de Santo Antão, vista por trás.
Mas o museu não se resume a Bosch. Para mim foi uma
grata surpresa passar algumas horas visitando as dependências daquela
instituição, e ter partilhado de bons momentos no pequeno jardim, com vista
para o Tejo, que existe atrás do prédio.
Jardim atrás do prédio do MNAA
Sempre gostei da arte medieval e da Renascença por motivos pessoais e de ordem "filosófica", se se pode dizer assim (não gosto da palavra "filosofia" pela extensão de aplicações modernas). Sempre tenho
gratas surpresas ao visitar esses museus na Europa, e suas coleções de arte antiga. Sendo assim, não foi
diferente no MNAA.
Talvez o hierático “Santo Agostinho” de Piero de La
Francesca caia na graça dos estudiosos. A minha preferência, porém, talvez se
dê a obras aparentemente singelas como a “A Virgem e o Menino”, de Hans Mamling
(c. 1480-1490). Ou os quadros de Quentin Metsys, que sempre me causaram
impacto ao vê-los nos livros, quanto mais pessoalmente.
A Virgem e o Menino - Mamling
Digno de nota é a “Salomé” (1510-1515) de Lucas Cranach (sempre gostei do caráter austero do alemão em suas obras); “Obras
de Misericórdia” de Pieter Brueghel, o moço (infelizmente não tão extraordinário quanto o "Velho"); E o São Jerônimo (1521), de Dürer.
A foto não é capaz de demonstrar o grau de profundidade e técnica que o mestre
germano consegue impor na superfície da pintura.
Salomé - Cranach
São Jerônimo - Dürer
Devo admitir que a coleção de pinturas de arte europeia é extraordinária. Contudo, é pasível de admiração uma parte menos famosa, mais invisível, e mesmo assim não menos surpreendente, que é a ala das obras trazidas da Ásia e da África, frutos das navegações. Diversas cerâmicas, obras de ourivesaria,
azulejos, etc.
Painel de Azulejos, Alfiz
(exemplar, datável entre 1570-1580,
proveniente da Mesquita de Damasco,
construída por Solimão I, o Magnífico)
Um saleiro de marfim (séc. XVI), produzido pelos artesãos do
Benim, torna-se um trabalho de esmerada beleza, por exemplo, digno de figurar
em minha memória. Importante é perceber como os outros nos percebem. E nesse
trabalho há um detalhamento que aqueles artesãos se impuseram em retratar os
portugueses.
saleiro de marfim (séc. XVI)
Também nessa mesma linha, os famosos Biombos Nambam (c. 1570-1616),
que dá a transparecer um pouco a forma com que os japoneses viram os portugueses em suas
visitas. Nambam quer dizer “bárbaros do sul”, ou seja, esta era a imagem que os
orientais tinham dos estranhos visitantes ocidentais em sua terra.
Biombos Nambam
Outro trabalho extremamente estranho, ao mesmo tempo de
inesperada percepção do Artista é o “Inferno” (c. 1510-1520), pintado por um
artista português desconhecido. Parece um inventário de castigos aos pecados capitais da
Igreja, executados pelos demônios, que utilizam adornos ou vestimentas que
indicam origem fora da Europa. Talvez o medo que a influência que novas
culturas pudessem trazer ao pensamento cristão do velho continente.
O Inferno
Não podia faltar a menção a uma obra de arte
eterna no coração dos portugueses, “Os painéis de São Vicente”, de Nuno
Gonçalves (c. 1470). Já os tinha visto em meus livros de história do ginásio.
No entanto, são extraordinariamente pintados, e sua composição é muito
equilibrada e bem elaborada.
Se estiver em Lisboa, e for um amante da Arte, não deixe de visitar este Museu.
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