domingo, 9 de abril de 2017

Por que usar papel 100% Algodão?

A indústria de papel ocidental começou, em meados do século XIX, a produção de papéis feitos com pasta de madeira. Até então os papéis eram feitos por outros tipos de plantas, tal como algodão, cânhamo, etc. 

Um certo tempo depois, percebeu-se que este tipo de papel feito com pasta de madeira se acidificava e se deteriorava em cerca de 50 anos. O sinal vermelho aconteceu na década de 1930.

Isso foi um grande problema para o comércio de papéis, principalmente para bibliotecas. Basta imaginar haver bibliotecas inteiras cheias de livros que começaram a se deteriorar, ficando castanho-amarelados e páginas quebradiças nos dedos (você já deve ter visto isso). 

Então eles descobriram a necessidade de papel de qualidade arquivística, algo que já havia anteriormente nas fábricas tradicionais europeias e asiáticas (Arches, Fabriano ou Hahnemuhle fabricam papel quase da mesma forma há mais de 400 anos).

Agora as indústrias vendem o papel 100% algodão como um produto separado de alta qualidade. E empresas, bibliotecas, escritores, etc que buscam um produto que tenha uma melhor conservação, preferem comprar papéis com esse material arquivístico.

É claro que há diversos tipos de papéis para diversos tipos de bolsos ou buscas de resultados. No entanto, a preferência por papéis de qualidade arquivística é, segundo meu entendimento, um respeito com aquele que vai adquirir seus trabalhos.

E quando falamos de aquarelas, percebe-se claramente que os papéis 100% algodão, bidimensionados (com cola interna e superficial), dão um maior destaque às cores de forma muito superior que os papéis a celulose. De tal forma que os profissionais da Aquarela dizem que é melhor gastar dinheiro com bons papéis do que com boas tintas...

 papel 100% algodão, feito à mão

sábado, 1 de abril de 2017

A Arte contemporânea é uma farsa: Avelina Lésper

(Do "Vanguardia" - Cidade do México) - Com a finalidade de dar a conhecer seus argumentos sobre o porquê da arte contemporânea ser uma "falsa arte", a crítica de arte Avelina Lésper ofereceu a conferência "A Arte Contemporânea- O dogma inquestionável" na Escola Nacional de Artes Plásticas (ENAP), onde foi ovacionada pelos estudantes.

"A carência de rigor (nas obras) permitiu que o vazio de criação, a novidade, a falta de inteligência se tornassem os valores desta falsa arte, e que qualquer coisa seja exibida nos museus", afirmou Lésper.

Explicou que os objetos e valores estéticos que se apresentam como arte, são aceitos, em completa submissão aos princípios impostos por alguma "autoridade".

Tal fato resulta que paulatinamente se formem sociedades menos inteligentes, levando-as à barbárie. Também abordou o tema do "Ready Made", sobre o qual expressou que mediante esta corrente "artística", retornou-se ao mais elementar e irracional do pensamento humano, ao pensamento mágico, negando-se a realidade. A arte fica, assim, reduzida a uma crença fantasiosa e sua presença reduzida a um "significado". "Necessitamos arte e não crenças".

Do mesmo modo, destacou a figura do "gênio", artista com obras insubstituíveis, personagens que na atualidade já não existem. "Hoje, com a superpopulação de artistas, estes já não são indispensáveis e a sua obra acaba sendo substituída por outra, porque há carência de singularidade".

Detalhou que a substituição de artistas se dá pela pouca qualidade de seus trabalhos; "tudo aquilo que o artista realize está destinado a ser arte: excremento, ficha, ódios, objetos pessoais, imitações, ignorância, enfermidades, fotos pessoais, mensagens de internet, brinquedos, etc. Atualmente fazer arte é um exercício ególatra; as performances, os vídeos, as instalações são feitos com tal obviedade que aflige pela sua simploriedade criadora, e são peças que em sua imensa maioria apelam ao menor esforço, e que sua acessibilidade criativa nos diz que, é uma realidade, qualquer um pode fazê-la".

Nesse sentido, afirmou que não dar o status de artista a aquele que o merece ocasiona um afastamento entre a arte e as pessoas, o demérito, a banalização. "Cada vez que alguém sem méritos e sem trabalho real excepcional expõe, a arte vai decrescendo em sua presença e concepção. Quanto mais artistas há, mais as obras são piores: a quantidade não está contribuindo para a qualidade".

"O artista ready made quer se assenhorar de todas as áreas, e todas com pouco profissionalismo; no caso de fazer um vídeo, não alcança os padrões pedidos no cinema ou na publicidade; caso faça obras eletrônicas ou as mande fazer, não obtém o nível médio de um técnico; caso se envolva com sons, não chega sequer à experiência de um Dj. Assume-se dessa forma que se a obra é de arte contemporânea, não tem porque alcançar um índice mínimo de qualidade em sua realização. Os artistas fazem coisas extraordinárias e demonstram em cada trabalho sua condição de criadores, contudo nem Damien Hirst, nem Gabriel Orozco nem Teresa Margolles, nem a imensa lista de gente que cresce são artistas, e isto não o digo eu, dizem-no suas obras", asseverou.

Como conselho aos estudantes, indicou-lhes que deixem que sua obra fale por eles, não um curador, não um sistema, não um dogma, "sua obra dirá se são ou não artistas, e se fizerem esta falsa arte, repito que não são artistas".

Lésper assegurou que hoje em dia, a arte deixou de ser inclusiva, por isso voltou-se contra seus próprios princípios dogmáticos; e no caso de um espectador não gostar, este é acusado de "ignorante, de estúpido e se lhe diz com grande arrogância: se você não gosta é porque não entende".

"O espectador, assim, para evitar ser chamado ignorante, não pode nem dizer o que pensa; para esta "arte" todo público que não é submisso a suas obras é imbecil, ignorante e nunca estará à altura do exposto, nem de seus artistas; e assim, o espectador presencia obras que não demonstram [nem desafiam a] inteligência", denunciou.

Finalmente, ressaltou que a arte contemporânea é endogâmica, elitista; como vocação segregacionista, é realizada para sua estrutura burocrática, para agradar às instituições e a seus patrocinadores. "Sua obsessão pedagógica, sua necessidade de explicar cada obra, cada exposição, sua superprodução de textos é a implícita cotização do critério, a negação à experiência estética livre; define, nomeia, superintelectualiza a obra para supervalorizá-la e para impedir que a percepção seja exercida com naturalidade".

A criação é livre, mas a contemplação não o é. "Estamos ante a ditadura do mais medíocre".