segunda-feira, 10 de outubro de 2016

MUSEU CALUSTIAN GULBENKIAN

Estive em setembro de 2016 em Portugal e Espanha e aproveitei para aumentar meu conhecimento pictórico no  “Velho Continente”. Neste caso visitei dois museus bem expressivos: Calouste Gulbekian em Lisboa e o Museu do Prado em Madri. Neste primeiro momento, vou falar do Calouste Gulbekian.

O Museu Calouste Gulbekian fica em Lisboa, na Av. de Berna, 45A. Parei na estação de metrô São Sebastião e caminhei até lá. Vamos pular o belo ambiente no qual o museu está instalado, bem como o as belas instalações do próprio museu, como vocês podem observar nas fotos abaixo:

Entrada principal do museu.


Jardim da fundação

Ao adentrarmos o museu, temos contato com diversas coleções: Arte Egípcia, Greco-romana, da Mesopotâmia, do Oriente Islâmico, Arte Armênia, Chinesa, Pintura, Escultura, etc.

No meu entendimento as coleções que mais me atraíram foram a de pintura e arte do Oriente Islâmico, principalmente esta.

Contudo, a primeira peça que chama a atenção é um vaso grego (vide foto abaixo), em forma de cálice/cratera, de cerca de 440 a.C. com diversas figuras mitológicas. A leveza das figuras e a decoração bicromática do vaso nos fazem refletir sobre como é estranhamente surpreendente que vasos de utilização cotidiana há cerca de 2.500 anos sejam hoje peças de extraordinária beleza, dignos de exposição em um museu. Pela confecção, percebe-se que o autor colocou sua alma na peça e ela ainda se encontra presente, atravessando as eras e tempos.

Vaso de figuras vermelhas (Grécia - Ática - c. 440 a.C.)


Para numismatas, a coleção de moedas gregas antigas é muito interessante também, com algumas tendo um padrão de qualidade que não sabia existir naqueles tempos. Também causa reflexão ver aquela miríade de cabeças de pessoas importantes que nunca ouvimos falar.  

moedas gregas (575 - 75 a.C.)

Outra peça interessante é um baixo relevo assírio representando um gênio alado, da época de Assurnasirpal II (884 a 859 a.C.), com algumas inscrições grafadas por cima do relevo, fazendo existir um contraste interessante na peça. Se você clicar na foto abaixo, vai perceber o contraste na textura da pedra e talvez consiga ter uma percepção pálida do que significava a beleza dessa peça quando ela foi criada.

Gênio alado - relevo assírio (séc IX a.C.)


Agora, o que realmente é extraordinário no museu é a coleção de arte islâmica, onde pequenos azulejos tomam uma forma épica de construção pictórica, baseada fortemente na tradição daqueles povos, e peças de artesanato como pratos e tapetes carregam consigo a glória de uma civilização que teve seu auge por volta dos séculos IX e XII. 

Temos, por exemplo, um azulejo do século XIV com um pássaro / dragão, que parece uma fênix (?). Se observar a foto (abaixo), que tirei com bastante detalhe, vai ver o trabalho cuidadoso com que o artesão realizou sobre o azulejo, que deveria ser um dos diversos que fez.

Azulejo (Pérsia - Caxã - séc. XIV)
faiança moldada, decoração de "reflexo metálico"


Até uma peça usual tal qual um batedor de tapetes assume uma presença artística que não estamos mais habituados a ter em nossos cotidianos, que ainda são fabricados no Oriente Próximo.

Batedor de tapetes "contemporâneo"

É claro que, ao ver os azulejos orientais a gente pode perceber um pouco da herança que os orientais deixaram para a azulejaria portuguesa, como os exemplos abaixo:

Painel de azulejos (Turquia - 2ª metade do séc. XVI)

Painel de azulejos (Turquia - 2ª metade do séc. XVI)

Painel de azulejos (Turquia - 2ª metade do séc. XVI)

É claro que não há como não se maravilhar diante da coleção chinesa, ou de outras coleções expostas no museu, mas deixaremos de mencioná-las neste texto. 

Quando chegamos à ala de pintura, vemos diversos trabalhos que nos deixam extasiados, apesar de não encontrar no museu nenhuma obra-prima midiática, como a “Gioconda”, por exemplo. Mas alguns trabalhos enchem nossos olhos, como é o caso de obras de Turner (Quillebeuf, Foz do Sena – 1833 – óleo s/ tela), do pré-Rafaelita Edward Burne-Jones (O Espelho de Vênus – 1875 – óleo s/ tela), ou as antigas paisagens de Ruisdael que tanto me agradam desde quando eu era adolescente (Vista da Costa da Noruega ou Mar Encrespado Junto à Costa – c. 1660 – óleo s/ tela).

Turner (Quillebeuf, Foz do Sena – 1833 – óleo s/ tela)


Edward Burne-Jones (O Espelho de Vênus – 1875 – óleo s/ tela)


Ruisdael (Vista da Costa da Noruega ou 
Mar Encrespado Junto à Costa – c. 1660 – óleo s/ tela)


Há, também, diversos outros autores como : Rembrandt, Rubens, Renoir, Degas, Francesco Guardi, Frans Hals, Millet, Manet, Monet, Van Dyck, Fantin-Latour, etc.

De toda forma, é meu entendimento que fazer uma visita ao museu Gulbenkian é algo imprescindível para o artista que visita Lisboa. Separe, pelo menos, duas horas e meia para uma visita ao acervo permanente.

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